Precioso depoimento enviado em 16 de fevereiro de 2006 - as imagens chegaram quatro dias depois:
 
 O SONHO DOURADO
 
Como todo bom brasileiro, sempre fui apaixonado por automóveis. Jornalista de 45 anos, praticamente acompanhei a instalação e a evolução da indústria automobilística nacional. Me recordo claramente dos estilosos Aero Willys, Itamaratis, Alfas Romeu, Galaxies, Dodges, Opalas, Maveriks, desfilando por nossas poucas e novas avenidas da São Paulo dos anos 60 e 70. Porém, diante da efervescência daqueles Salões do Automóvel, me apaixonei perdidamente pelo MP Lafer amarelo lá exposto. Devia ter 14 ou 15 anos.
 
Bem, o tempo passou e só não passou o desejo de possuir um MP Lafer. Me formei, casei, separei, casei novamente e há pouco mais de um ano consegui realizar o meu sonho de adolescente, comprei o meu MP Lafer, dourado, ano 1978.
 
O encontrei em uma garagem, juntamente com outros carros antigos, todos bem conservados, mas o MP chamava a atenção de longe. Brilhava, como nos meus sonhos.
 
Apesar de estar em bom estado, aos poucos estou deixando ele totalmente original. Já mandei fazer o motor, que fundiu quando o meu genro foi dar uma "voltinha", também ganhou nova pintura e revisão na suspensão. Só falta agora refazer a tapeçaria, alguns cromados e detalhes de acabamento. É uma higiene mental cuidar dele, melhor que isso só desfilando à bordo desse precioso sonho literalmente "dourado" e ver os olhares surpresos das pessoas vendo-o passar.
 
Uma vez, estacionei no pátio do Carrefour Tietê. Quando sai do supermercado vi ao longe algumas pessoas cercando o carro e pensei logo que se tratava de tentativa de roubo. Saí correndo em direção ao MP e quando cheguei perto percebi que as pessoas olhavam admiradas o carrinho perguntando se era importado, qual o nome, se era muito apertado, se todos os faróis funcionavam de fato, etc.
 
De outra vez, na sala de aula da pós-graduação, uma colega muitos anos mais jovem chegou e me perguntou: era você que estava num carro "esquisito" lá no obelisco do Ibirapuera?
 
Diante da minha resposta afirmativa, ela completou: - Puxa que legal né? Gostei! É diferente!
 
Um abraço!
 
Italo Coutinho Medeiros  

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