VALE
DO PARAÍBA: TERRA DE RELÍQUIAS
Se você
conhece algum morador do Vale do Paraíba, ou é
um deles, já deve ter
ouvido a notória argumentação, aqui exemplificada:
"Viver aqui é muito bom
pois estamos perto de São Paulo e a poucas horas do
Rio de Janeiro. Mas o
melhor é que temos de um lado as praias do litoral
norte, e de outro o clima
montanhoso de Campos do Jordão!"
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Vista
panorâmica do encontro promovido pela AMICAR
em São
Francisco Xavier. |
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Realmente, poucas regiões do Cone Sul
são tão favorecidas, tanto
geograficamente como economicamente. Trata-se de um bom lugar
para desfrutar
o volante de uma raridade. E não é necessário
se ater à tumultuada Rodovia
Dutra, que corta as cidades de Jacareí, São
José dos Campos, Taubaté, Lorena
entre outras. Há uma gama de estradas secundárias,
que serpenteiam os
contrafortes das Serras da Mantiqueira e do Mar.
São
pistas simples, mas de pouco tráfego pois ligam cidadwes
de pequeno porte
como Jambeiro e Natividade da Serra, onde há a impressão
de que o tempo
corre mais lento. As paisagens são as mais pitorescas
possíveis,
intercalando antigas fazendas de café com pastagens
verdejantes, de
topografia variada. Vez ou outra é possível
avistar alguma capela em estilo
colonial e casebres que conservam estilos rústicos
de vida, tão bem
retratados por Monteiro Lobato em seu livro "Cidades
Mortas".
Da
esquerda para a direita, os MPs: 1977 vinho do
Paulo Cesar,
1988 azul do Joel Júnior e 1975 branco
do Almeida. |
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Para quem
dirige carros mais robustos, como Rural e Jeep, o cardápio
de
aventuras é encorpado com as opções de
descer até Parati, no estado do Rio,
a partir de Guaratinguetá, ou chegar ao sul de Minas
Gerais a partir do
horto-florestal de Campos do Jordão. Mas foquemos nossas
atenções no
asfalto: a AMICAR (Amizade de Carros Antigos e Raridades,
de São José dos
Campos) organizou um passeio até São Francisco
Xavier, no dia 30 de março de
2003.
Abaixo:
Murilo, de São José, tem conservado
este Ford 29 por mais de trinta anos. |
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Super
raridade acima: o Concorde de Roberto Tsao,
de Taubaté, que
seria um dos seis remanescentes no Brasil. |
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Com a
participação de membros do CAAT (Clube de Autos
Antigos de Taubaté) e
do CPVAJ (Clube dos Proprietários de Veículos
Antigos de Jacareí) foi fácil
reunir 40 veículos na estrada e percorrer os 60 quilômetros
que separam São
José de São Francisco, com passagem pelo município
de Monteiro Lobato, quase
na divisa com Minas.
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Este
MP Lafer 1975 pertence ao Almeida, note que as lanternas
traseiras ainda são as mesmas utilizadas
no Volkswagen Sedan da época. |
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Os
MPs foram presença marcante no evento. |
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Museu
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Durante
os anos setenta, uma cidade do Vale se destacou
no cenário nacional,
por abrigar um museu de antiguidades mecânicas:
Caçapava.
Era, na verdade, a coleção particular
de relíquias de Roberto Lee - um dos
pioneiros na arte de restaurar veículos
no Brasil.
No
entanto, após a sua morte nos anos oitenta,
o recinto (uma antiga fábrica
próxima ao quartel do município)
entrou em franca decadência e atualmente
está trancado, em total estado de abandono.
Os poucos carros que não foram
subtraídos do local correm o sério
risco de serem perdidos para sempre se a
estrutura de madeira do telhado ruir.
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Esta
Maria Fumaça, do começo do século
XX, está condenada a virar pó de ferrugem,
de fronte ao museu. |
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Estas
portas só se abrem uma vez ao ano, para
que alguns herdeiros de Roberto Lee possam fazer
a limpeza de alguns carros. |
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Fica o
alerta e o pedido para que as associações de
autos antigos da região
e autoridades governamentais tomem providências para
que se resgate
um pouco desta história, que começou bem antes
do autêntico "boom" do
antigomobilismo que vivenciamos hoje em dia.
Colaboração
e fotos de São Francisco Xavier: Paulo Cesar Remiao
Texto e fotos do museu de Caçapava: Jean Tosetto
Diagramação:
Rene Sarli |
Paulo
Cesar Remiao, nosso correspondente do Vale do Paraíba,
também fez a cobertura fotográfica dos seguintes
eventos:
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