MP LAFER TI: UMA RÉPLICA MAIS SOFISTICADA

Condensado da reportagem de Thomaz F. Magalhães, publicada originalmente na revista Auto Esporte, número 160, de fevereiro de 1978.

Entre as réplicas de automóveis antigos fabricados no Brasil a mais nova é a versão TI do MP Lafer, que tem todos os modismos estilísticos cultivados atualmente pelos jovens proprietários de carros. Os cromados, numerosos nos veículos das décadas de 40 e 50 e também em suas réplicas atuais forma eliminados, substituídos por uma pintura preto-fosca. Disso resultou uma aparência mais agressiva e moderna, responsável pelo grande interesse mostrado pelas pessoas que viram o carro durante o teste. Uma boa parte perguntava se era um importado, outras se era o modelo para exportação do MP e ainda havia os que não percebiam que era uma versão moderna de um carro antigo, não fazendo ligação nenhuma entre ele e o MG, bem conhecido pelos automobilistas.

Mas, não é só a pintura fosca nos faróis, faroletes e frisos a responsável pela forte mudança na imagem do carro. São os novos pára-choques, feitos de fibra de vidro e pintados também de preto-fosco. Eles são bonitos, mais eficientes que os usados no MP comum, mas nada tem a ver com o estilo do carro.

Os equipamentos da versão TI se complementam com bancos especiais, reclináveis - não há espaço suficiente para recliná-los totalmente - além de vidros especiais mais escuros, painel de madeira pintado de preto com um jogo completo e eficiente de instrumentos e rodas de magnésio, inclusive no estepe.
O pisca-pisca do Fusca no MP TI

Andando no MP TI

Coloca-se o carro em movimento e uma série de características agradáveis começa a ser sentida. O MP TI anda macio, quase não tem barulho de carroceria. A sensação dada pelo imenso capô dianteiro, logo nos primeiros quarteirões, é de se movimentar um pouquinho depois que se vira o volante. Pode-se sentir alguns sustos nas primeiras aproximações com outros carros, principalmente no trânsito.

   Painel completo,    bancos  reclináveis e    freio de mão  situado    mais à frente.

Durante o teste, surgiu a possibilidade de checar a performance do carro na chuva, durante uma das tempestades típicas de verão. A situação era a seguinte: Vale do Anhangabau, São Paulo, às quatro da tarde, com chuva forte, água até a metade das rodas dos carros - quando parados - muitos carros enguiçados. O percurso a ser vencido tinha cerca de 50 metros em sua pior parte. Quando chegou a vez do MP teve até torcida para o carrinho, que acabou passando bonito, chegando até boiar um pouco na dianteira, quando vinham as ondas geradas por outros carros. O resultado foi uma pane na buzina e nenhuma infiltração de água dentro do carro, que é todo acarpetado.

Em dias normais, com tempo bom, o MP TI tem todas as características agradáveis dos conversíveis, com boa acomodação para duas pessoas que o carro pode transportar e espaço bom para a bagagem, que vai no capô dianteiro, onde está também o tanque de gasolina.

O porta-malas é amplo e contém o tanque de gasolina à sua entrada.

É um carro que vale a pena ser dirigido esportivamente. Todos os seus componentes mecânicos são Volkswagen, mas a diferente distribuição de pesos e também o menor peso total, proporcionam características agradáveis em seu comportamento em curvas. Nas de baixa velocidade ocorre a saída de frente, facilmente controlável, enquanto que em curvas de alta velocidade é a traseira que tende a escapar, também comedidamente.

O desempenho

No MP TI, a mesma mecânica usada no Brasília 1600 apresenta performances diferentes. Por um lado a maior leveza do conjunto proporciona arrancadas mais rápidas, e por outro, o seu pior índice de penetração aerodinâmica resulta em menor velocidade final.

De zero a oitenta quilômetros reais por hora o MP TI gastou 9,0 segundos, média de quatro passagens. De zero a cem, 14,4 segundos. O quilômetro de arrancada foi percorrido em 38,1 segundos. A velocidade máxima, aferida em trechos planos, percorridos nos dois sentidos, apresentou a média de ... 125,43 km/h para quatro passagens.

   Mecânica original do    Volkswagen 1600 sedã.

É interessante reparar que durante as tentativas para estabelecer as velocidades máximas, o conta-giros não registrou marcas siperiores a quatro mil rpm em quarta marcha, enquanto que nas marchas inferiores o motor rendia bem até os cinco mil. Em trechos não planos, com descidas prolongadas, esses mil giros podem levar o carro a marcas próximas a cento e quarenta quilômetros horários. Velocidades pouco inferiores a essa seriam conseguidas com a adoção de uma relação mais curta para a quarta marcha, mesmo em terrenos planos.

Para garantir refrigeração total ao motor, quando muito exigido, é bom verificar se a capota foi rebatida corretamente ou envolvida com a capa prevista para esse fim.

 
Reprodução de capa.

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