EMBU DAS ARTES E DOS MPs

Os início dos anos 70 marcaram o milagre da economia brasileira,
refletido na ascensão do poder aquisitivo de uma classe média emergente, ávida por ostentar em suas garagens os mesmos carrões que desfilavam pelas ruas da Europa e América do Norte. Mas, com a primeira grande crise mundial do petróleo elevando o preço dos combustíveis à números estratosféricos, o governo federal se viu obrigado a restringir a importação desses automóveis
aos diplomatas, impulsionando um nicho de mercado até então restrito a curiosos: o da produção de veículos especiais de apelo esportivo.

Estas pequenas empresas, tecnicamente conhecidas como encarroçadoras, se valiam de conjuntos motrizes de grandes montadoras instaladas no Brasil,
como General Motors e Volkswagen, para criar - ou as vezes recriar - verdadeiras jóias sobre rodas. As marcas mais expoentes desse período - já em meados dos anos 70 - eram a Puma, a Miura, e a Lafer. Seus autos combinavam a simplicidade mecânica - de fácil manutenção - com desenhos
harmoniosos, inspirados nos clássicos internacionais. Não a toa povoaram os sonhos de toda uma geração. Mas eram sonhos que se mostrariam realizáveis...

Passados mais de vinte anos deste belo capítulo da história automobilística nacional, alguns membros dos clubes destas referidas marcas resolveram se
encontrar, mesmo que de maneira informal, para comprovar a qualidade dos projetos destes exemplares, acabados fibra de vidro. A resistência e durabilidade dos modelos, prometida nos velhos tempos, se mostraram autênticas já no ponto de encontro, num domingo de manhã (20 de junho de 2004) em frente ao Pacaembu.

Cerca de 45 entusiastas (equivalentes a duas dúzias de MPs, mais uma dezena de Pumas e outra de Miuras), acompanhados de suas esposas e filhos, seguiram em conjunto para o Restaurante Souto Maior, na estância turística de Embu
das Artes. Dizer que o clima favoreceu o evento seria uma redundância, pelo menos se for levado em conta o retrospecto do último ano em São Paulo, que já não pode ser mais considerada a terra da garoa - ao menos quando o assunto for reunião de veículos antigos e especiais.

Embu da Artes, município próximo a zona sul da capital, é conhecido assim por ser o refúgio de artistas tradicionais como Cássio da Rocha Matos
(pintor e escultor de formação acadêmica), Solano Trindade (1908 / 1974 - poeta, pintor, teatrólogo e folclorista), Claudionor Assis Dias (escultor) e Tadakiyo Sakai (escultor em terracota). Durtante os anos 60 e 70, a cidade despontou como um pólo de produção artística e cultural de vanguarda, mas esta condição foi paulatinamente convertida em referência nacional em termos de artesanato e decoração de interiores.

Serviço:

Souto Maior
Restaurante, Bar, Jardins e Galeria de Arte.
Rua Anita Malfati, 78
Vila Cercado Grande.
Telefone: (11) 494-6635.
Serviço: buffet.
Capacidade: 60 pessoas.
Funcionamento: todos os dias a partir das 11 horas.

Texto: Jean Tosetto
Fotos: Sergio da March
Diagramação: Rene Sarli

 

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